sexta-feira, 4 de março de 2011

A HEROÍNA ANDREZA AMARAL


Hoje, 4 de março de 2011, o destino me fez cruzar com uma heroína, alguém de carne e osso, mas que se tornou um símbolo da aviação civil brasileira. Faz pouco tempo que esta mulher impediu que um dos tratores comandado pela Prefeitura Municipal de João Pessoa destruísse a pista do Aeroclube da Paraíba em João Pessoa.

A pista foi destruída pelas outras máquinas.  A força malévola e truculenta do poder público municipal, nesta atual fase sem o seu grande girassol, sem a luz que lhe guiava e agora sob a influência de forças ocultas conseguiu, numa ação que a população da cidade assistiu aterrorizada,  destruir uma pista de pouso e decolagens que tem registro internacional. Sabíamos todos que aquela pista que completou 70 anos não era somente uma tira de asfalto, que tinha uma história, que era controlada pela Agência Nacional de Aviação Civil, que servia de base para aeronaves militares, que servia de base para aeronaves do ministério da saúde, que tinha de plantão uma UTI Aérea, coisas que os moradores da cidade se acostumaram a conviver. Uma pista que aparece até no Microsoft Simulator, que é um jogo de simulação de vôo. Além, dos ultraleves que embelezavam o nosso céu e os pára-quedistas que se tornaram parte do céu como o sol, a lua e as estrelas.

O ato Heróico de Andreza Amaral não foi inútil. Hoje com o seu ato, mesmo com o amordaçamento da imprensa, plenamente perceptível quando se folheia os jornais locais, as notícias circulam através da rede libertária da internet e ficamos sabendo dos fatos.

Tive a honra de apertar a mão de Andreza. Senti a mesma força quando tive a oportunidade de apertar a mão de grandes heróis da luta socialista como Luis Carlos Prestes e Gregório Bezerra. Eram personagens de outro contexto, de outras lutas. O que Andreza em minha opinião tem em comum com eles é a capacidade de colocar a própria vida em risco pela luta de um ideal justo. Lutar pela única Escola de Aviação Civil da cidade de João Pessoa e por sua pista de pouso e decolagens é um ideal justo. E hoje, infelizmente, assisto em minha cidade um crescente medo de articular uma opinião divergente, principalmente daqueles que por dependerem de alguma forma do poder público temem alguma represália.

Ainda em dezembro escrevi uma mensagem no Facebook assustado com o caráter autoritário do decreto de desapropriação, que já naquele instante achava algo desproporcional pela ARROGÂNCIA de sua publicidade. Não imaginava que as coisas teriam um desfecho ainda mais truculento. O texto era o seguinte: "Pense em um prefeito autoritário! É o prefeito de João Pessoa. A personificação da soberba. Abro o jornal hoje de manhã e vejo ele e sua equipe exibindo do alto de seu poder o decreto de desapropriação do Aeroclube. O Aeroclube recebeu de presente de 70 anos este ato de traição da Prefeitura Municipal. É bom guardar o jornal para lembrar às gerações futuras quem estava presente neste ato de covardia. O atual prefeito quer reformar a cidade passando por cima de quem estiver na sua frente. Tenha calma prefeito."

O tempo vai passar e aquela foto tirada pelo fotógrafo Marcus Antonius irá perdurar. Aquela foto ressurgirá sempre que se falar de aviação civil e das dificuldades dos aeroclubes, estará presente quando se falar da coragem da mulher paraibana, estará presente quando se falar dos arroubos autoritários de futuros governos, porque os ditadores estão sempre à espreita na pele de algum cordeiro.

O gesto de Andreza Amaral entrou para a posteridade. Quando os pára-quedistas lançarem-se ao espaço sobre a iluminada cidade de João Pessoa verão do alto em seus corações a imagem daquela frágil mulher, lutando desproporcionalmente com a truculência do autoritarismo municipal.

Resta-nos agora ligarmos os nossos computadores e procurarmos a informação em variadas fontes. Não é mais possível confiar na imprensa tradicional. Acabou-se o tempo dos ideais. Vivemos num contexto de luta pelo poder puro e simples, de um grupo contra o outro, de disputas econômicas. É este o paradigma do tempo atual, não há mais esquerda ou direita no sentido político, há conveniências e só. É belo ver o gesto de alguém lutando pelo que é justo, pelo direito de defesa de sua escola de aviação.  

Eu penso que a justiça será feita, pois ainda acredito na justiça. Acho que há pessoas como o Presidente do Tribunal de Justiça da Paraíba, Abraham Lincoln e a Juíza Federal Cristina Garcez, capazes de interpretar a lei com imparcialidade e que deram ao Aeroclube o direito de defender-se adequadamente.

Viva Andreza! Quando olharmos o céu e virmos homens e mulheres colorindo as nuvens com os seus pára-quedas lembrem-se do gesto corajoso dela.

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